Caminho da Fé.Julho 2016.
CAMINHO DA FÉ. SÃO CARLOS (SP)
A APARECIDA (SP) 525 KM.
Diário de Bordo. 1° Dia. |
Trecho: São Carlos (SP) a Porto Ferreira (SP). |
Distância Percorrida: 65 quilômetros. |
100% em leito natural. |
Deixei São Carlos às 8h. O céu estava limpo, sem nuvens, o vento moderado e a temperatura em 13°C. Melhores condições, impossível. O caminho corta canaviais a perder de vista. Como é época de estiagem, a poeira da estrada está uma beleza. À passagem dos poucos carros que ali transitam, cof, cof, cof.
Cheguei ao Santuário de Babilônia às 10h. "Segundo dizem, houve um incêndio na região, tudo foi queimado, excetuando-se uma árvore. Nela foi encontrada uma imagem de Nossa Senhora da Conceição de Aparecida. Ironicamente, a árvore que guardou a imagem foi cortada para a construção da igreja, que tem um estilo arquitetônico original para a região". Guia Caminho da Fé, Antônio Olinto e Rafaela Asprino, p. 18.
Almocei deliciosa feijoada em Descalvado SP, cujo nome refere - se a um local com vegetação rasteira. Bem alimentado, segui para Porto Ferreira (SP), onde cheguei às 15h 15. Amanhã, Tambaú (SP), 50 quilômetros à frente. Aparecida (SP) a 460 quilômetros.
Saída de São Carlos (SP). Foto: Fernando Mendes. ______________________________________________________________________________________________________________ |
Diário de Bordo. 2° dia.
Trecho: Porto Ferreira (SP) a Tambaú (SP).
50 quilômetros.
90% em leito natural.
Sai pouco depois das 9h. Atravessei a ponte sobre o Rio Mogi Guaçu que, outrora era uma ponte ferroviária. Mas num país no qual as rodovias foram elevadas à condição de cultura e arte, as ferrovias perderam espaço e charme. No passado, nos tempos áureos das ferrovias, o café dominava essa região. Atravessei canaviais até onde a vista alcança. Cheguei a Santa Rita do Passo Quatro (SP) na hora do almoço. Revi a Igreja de Santa Rita de Cássia, em estilo gótico, a mais bela do Caminho da Fé.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Depois, coloquei a câmera apoiada na cerca e tirei uma foto minha. E segui subindo 1,5 km restante. Quando a subida terminou, parei para outras fotos. Aí veio a bizarrice: esqueci a câmera 1,5 quilômetro atrás. Desci rapidamente e ela estava lá, a minha espera. Resultado: uma subida de 3 km transformou se em uma subida de 6 km.
Cheguei a Tambaú (SP), a terra do Padre Donizete - um padre Cícero local -, às 16h. Hoje foi um dia tranquilo. Amanhã, a moleza acabará. Após atravessar o perímetro urbano de Vargem Grande do Sul (SP), começarei a pedalar pelos contrafortes da Mantiqueira. A altimetria que até aqui ficou em três dígitos, passará para quatro, variando de 1.000 a 1.800 m. Subidas honestas e paisagens deslumbrantes. Aparecida (SP) a 420 km.
Foto: Fernando Mendes.
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Diário de Bordo. 3° Dia.
Trecho: Tambaú (SP) à Pousada da D.Cidinha.
75 quilômetros.
100% em leito natural.
A saída de Tambaú foi às 8h 02. O vento estava frenético, o céu sem nuvens e a temperatura em 16°C, com sensação térmica de 11°C. Os primeiros 25 quilômetros até Casa Branca (SP) foram tranquilos e silenciosos.
Igreja do Desterro Foto: Fernando Mendes.
Igreja do Desterro. Foto: Fernando Mendes.
Almocei e segui para Vargem Grande do Sul (SP), 20 quilômetros à frente. Atravessei o perímetro urbano e voltei ao Caminho da Fé. Após a primeira curva, uma visão deslumbrante: a Serra da Mantiqueira, imponente, majestosa e bela. A partir de agora, o Caminho é à vera. À medida que venci a primeira subida da Mantiqueira, rumo à Pousada, percebi a presença de araucárias, árvore típica do clima temperado do Sul do Brasil.
Mas em altitudes acima de 1.000 m, essas formações encontram as mesmas condições climáticas do Sul do País. É quando a altitude corrige a latitude. Amanhã, Águas da Prata (SP). Aos poucos, São Paulo vai ficando para trás e Minas Gerais será bem vinda. Aparecida (SP) a 390 quilômetros.
Diário de Bordo. 4°
Dia: Pousada da D. Cidinha a Águas da Prata.
30 quilômetros.
100% em leito natural.
Foto: Fernando Mendes.
Fui o último a sair, lá pelas 10h. Tomei o rumo de São Roque da Fartura (SP), pequeno distrito de Águas da Prata. O trecho é muito duro, com subidas honestas e paisagens magníficas. Hoje percorri o trajeto mais bonito desde a saída de São Carlos (SP), há quatro dias. Até São Roque o predomínio é absoluto de subidas íngremes, afinal estou pedalando pela Mantiqueira.
A 1.500 m de altitude, cheguei a São Roque da Fatura (SP), terra de café de qualidade. A vista que apreciei antes de descer para Águas da Prata (SP) é fascinante. Ora pedalava em meio às araucárias, ora em áreas de reflorestamento de eucaliptos, semelhante ao cenário do filme As Bruxas de Blair.
Cheguei a Águas da Prata (SP) por volta das 16h 15 e fui tomar delicioso expresso ao lado da Pousada. Hoje a altimetria foi dura. Apenas 30 quilômetros percorridos em 8 horas. Amanhã São Paulo ficará para trás e entrarei em MG, indo até Barra, distrito de Andradas MG. Serão 45 quilômetros, quase todo trecho em forte ângulo de subida. A Mantiqueira é assim: subidas tão íngremes que parece que o Céu abraça a Terra.
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Diário de Bordo, 5° Dia.
Trecho: Águas da Prata (SP) à Barra, Distrito de Andradas (MG).
48 quilômetros [com uns 40 em subidas].
100% em leito natural.
Céu azul, quase nenhuma nuvem, pouco vento e temperatura na marca de 14°C. CAVU. Logo na saída, após atravessar a linha do trem, uma subida frita coxa de três quilômetros. À medida que Águas da Prata ficava lá em baixo, dentro de um buraco, as plantações de café tomaram conta do Caminho. As subidas se intervalavam com trechos planos, curtos e bem sombreados. Os primeiros 12 quilômetros foram de forte ascensão. Ao chegar ao acesso ao Pico do Gavião - ponto de decolagem de asa delta e afins- entrei em MG. Eram 11h 14.
Pausa para contemplar a beleza da região. Ali, a Mantiqueira expõe seu granito que, à luz do Sol, adquire tonalidades diversas. Quando a estrada inclinou para baixo, foi um down hill incrível. Cheguei a Andradas MG a tempo de almoçar e rever a Igreja Matriz de São Sebastião. Às 14h segui na proa de Barra, pedalando paralelamente às plantações de café. Faltando 5 km para encerrar os trabalhos do dia, veio a Serra dos Limas, uma ascendente muito violenta que precisou ser asfaltada para melhorar a tração para rodas e pés. São dois quilômetros que parecem intermináveis.
Às 16h cheguei ao minúsculo distrito de Barra e hospedei-me na única pousada, a Pousada D. Natalina. Acomodações simples e comida excelente. Agora, enquanto escrevo esse relato, a temperatura está em 9°C, a mais baixa até então. Amanhã uma frente fria chegará por aqui. Que venham o frio e as subidas, afinal a Mantiqueira no inverno é assim. Em tempo: quem conseguir a proeza de se perder em Barra, ganhará um prêmio.
Diário de Bordo. 6°Dia.
Trecho: Barra, Distrito de Andradas MG, a Ouro Fino (MG).
Apenas 25 quilômetros.
100% em leito natural.
Foto: Fernando Mendes.
Quando pensei em sair, chegaram 10 caminhantes e mais conversa. Como a etapa programada para hoje foi muito curta, relaxei e sai às 11h e 17. Atravessei o bucólico distrito e pedalei, de forma constante por uma região muito alta, vislumbrando pequenas propriedades no fundo dos vales rodeados pela Mantiqueira. Às 14h almocei saborosa feijoada no Bar da Zetti, em Crisólia, distrito de Ouro Fino.
Na chegada, Wilson e Roberto estavam de partida. Às 15h 15, cheguei ao monumento do Menino da Porteira, que marca o portal de Ouro Fino. Esse Menino e sua história tornaram o município muito conhecido por meio da canção Menino da Porteira, de autoria de Teddy Vieira e Luizinho, imortalizada na voz do cantor Sérgio Reis. A estátua tem dez metros de altura e caracteriza muito bem o Menino: pés descalços, calça dobrada, o inseparável chapéu de palha, um aceno com a mão esquerda estendida e sorriso cativante. Impossível não se lembrar de partes da canção: “obrigado boiadeiro, e que Deus vá lhe acompanhando”. "Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino, de longe eu avistava a figura de um menino". Essa canção atravessou décadas e continuará a atravessar, assim como Asa Branca, igualmente imortalizada na voz de Luís Gonzaga.
Amanhã, almoço em Borda da Mata MG, a Capital Nacional do Pijama, e pernoite na desconhecida Tocos do Moji MG. O Inmet prevê noite gelada para hoje em Ouro Fino e região. Mínima na madrugada: 4°C. Ainda bem que a essa hora, estarei sob as cobertas.
Foto: Fernando Mendes.
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Diário de Bordo. 7°
Dia. Trecho: Ouro Fino MG à pequena Tocos do Moji MG.
46 quilômetros.
100% em leito natural.
Durante 25 anos fez o CF, a pé, até Aparecida. O seu bar é ponto de apoio aos caminhantes e ciclistas que percorrem o CF. Passaria o dia ali conversando com ele. Assuntos não faltariam. Cheguei a Borda da Mata MG, a Capital Nacional do Pijama, ao meio - dia e meia. Delicioso almoço no Restaurante Casarão e pedal logo em seguida. O trecho seguinte - de Borda da Mata a Tocos do Moji -, apesar de ter apenas 16 km, possui uma altimetria insana e paisagens de fazer reverência.
Depois de pedalar duro por 3 horas, cheguei à pequena Tocos do Moji na hora do pôr do Sol. A cidade virou município em 1997. O charme está na avenida principal, limpa, arborizada e a matriz na parte mais elevada do sitio urbano, que é muito pequeno. “O nome da cidade não deriva da palavra toco (madeira) e sim da palavra grega "tokos" que, segundo o Aurélio, significa "ação de conceber", ou seja, onde o Rio Moji ou Mogi é concebido, onde ele nasce. O Rio Mogi-Guaçu realmente nasce na cidade vizinha, Bom Repouso MG" Guia Caminho da Fé, Antônio Olinto e Rafaela Asprino, página 107.
Amanhã, a altimetria será mais puxada em relação à hoje. O momento mais esperado será zerar a Serra do Caçador, 9 km após atravessar (pela passarela) a Rodovia Fernão Dias, a BR-381, segunda mais movimentada do País. Aparecida SP a 200 km. Estou no Caminho certo.
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Diário de Bordo. 8°
Dia. Trecho: Tocos do Moji MG a Consolação MG.
41 quilômetros.
100% em leito natural.
A jornada de hoje foi dura. Altimetria cascuda. Deixei Tocos do Moji para trás bem cedo, sabendo o que teria pela frente. A cidade fica na cota 1050 m e, após pedalar 4,5 quilômetros, estava na cota 1350 m. Cascudo.
Passei a pedalar por altitudes entre 1350 e 1300 m, vislumbrando as plantações de morangos, feitas nas encostas íngremes da Mantiqueira. No 10° quilômetro, uma descida animal me levou para 1000 m e, logo após, uma subida insana me colocou a 1200 m, num trecho de apenas dois quilômetros. Foi quase no topo, que encontre o casal Paula e Alan. Eles estão fazendo o Caminho a pé.
Parada para boa conversa, fotos e segui pedalando; eles, caminhando. Nos quatro quilômetros faltantes para chegar a Estiva MG, a altimetria caiu de 1200 para 950 m. Estiva MG, a Capital do Morango, tem pouco mais de dois mil habitantes. Seu nome deriva de "ponte feita em alagadiço" e nada a ver com estivadores, os trabalhadores de um porto. Almoço à meia boca e pernas no pedal, porque o trecho até Consolação foi tão cascudo quanto o do início do dia.
Às 13h 40, atravessei a passarela sobre a Rodovia Fernão Dias - BR 381 e comecei a pedalar por um bairro periférico chamado Boa Vista. Até aí, tudo plano. A partir do 6° quilômetro, a estrada inclina fortemente para cima. É o início da subida da Serra do Caçador, um dos trechos mais belos do Caminho da Fé. A inclinação é tão forte que foram colocados bloquetes para melhorar a tração.
Quanto mais subia, mais bela a paisagem ficava. Quando atingi o topo, na cota de 1300 m, uma visão 360° permite ver todo esplendor da Mantiqueira e uma belíssima vista do vale lá embaixo onde está a Rodovia Fernão Dias e todas as montanhas que venci e deixei para trás. Desde ponto em diante, o Caminho inclina com força para baixo, tanto que, nos quatro quilômetros finais, nem foi preciso pedalar. Cheguei à simpática Consolação MG às 17h.
Foi o dia mais difícil desde a saída de São Carlos SP. Amanhã almoçarei em Paraisópolis MG e dormirei na pacata Luminosa MG, distrito de Brasópolis MG. Luminosa tem mais cavalos e charretes nas ruas do que automóveis e motos. O frio continua intenso à noite, mas durante o dia, o Sol aquece bem. Aparecida SP a 150 quilômetros.
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LUMINOSA, DISTRITO DE BRASÓPOLIS (MG). Foto: Fernando Mendes. |
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Diário de Bordo. 9° Dia.
Trecho: Consolação MG a Luminosa MG.
42 quilômetros.
100% em leito natural.
Cheguei a Paraisópolis MG para o almoço. Foi no restaurante que conheci o Richard, ciclista de Sorocaba SP que saiu de Águas da Prata SP rumo a Aparecida SP. Ele chegou quando eu estava saindo. Combinamos de nos encontrar na única pousada de Luminosa MG. O trecho de Paraisópolis MG a Luminosa MG é belíssimo. Nele, a Mantiqueira se apresenta em todo seu esplendor.
Muito granito exposto nas partes mais elevadas, contrastando com as partes mais baixas, nas quais predominam mata e pastagens. A única grande subida me levou ao povoado de Cantagalo. Parada obrigatória para reabastecer a água e fotografar a bela e pequena igreja local. Mais sete quilômetros à frente e, em forte ângulo de descida, cheguei à pacata Luminosa MG, menos de mil habitantes. É distrito de Brasópolis MG. Lembro - me que no Verão de 2014, quando eu descia a Serra de Luminosa, a um quilômetro da entrada da cidade, o guidão da minha bike, sem aviso prévio, quebrou, me desequilibrei e só deu tempo de dizer duas coisas: "vou cair".
O tombo foi sinistro e o estrago maior ficou na perna direita, bem esfolada. Mas isso foi há dois anos. Hoje, desci a Serra de Luminosa bem tranquilo, à uma hora do pôr do Sol. Chegada em paz. E o Richard também chegou bem.
Amanhã terei a companhia dele até Campo do Jordão e o maior desafio do Caminho: subir a Serra do Quebra Perna. Uma ascensão de 900 m em apenas 16 quilômetros. Sairei de Luminosa MG na cota 900 m e chegarei à cota 1800 m na divisa MG/SP, na localidade de Campista, bairro de Campos do Jordão SP. Penúltimo dia no Caminho. Dia de pedal muito tranquilo. Aparecida SP a 105 quilômetros.
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Diário de Bordo. 10° Dia.
Trecho: Luminosa MG a Campos do Jordão SP.
32 quilômetros.
100% em leito natural e mais cascuda subida do Caminho da Fé.
Logo na saída de Luminosa MG, a estrada inclina absurdamente para cima e começa uma subida insana, honesta e à vera. No quarto quilômetro morro acima, parada obrigatória na Pousada da D.Inês, a pausa que refresca. Tomei café com biscoitos e degustei deliciosas bananas. Depois de carimbar as credenciais, tocamos em frente, eu e o Richard. Veio o trecho mais sinistro do dia: subir os 12 quilômetros restantes da Serra de Luminosa. As inclinações são absurdas e o piso está repleto de valas e muitas, muitas pedras soltas, que não possibilitam tração para as bikes.
Subimos a Luminosa sob aquele lema: pedala um pouquinho, fotografa um pouquinho e empurra um pouquinho. À medida que a altitude aumentava, a beleza da paisagem aumentava igualmente. Chegamos à divisa MG/SP, na altitude 1350 m, às 13h 50, depois de 4h 40 de pedal, desde a saída de Luminosa MG. Pegamos o asfalto - agora são três ciclistas, porque o José Carlos, de São João da Boa Vista SP, juntou- se a mim e ao Richard. No asfalto, onde parecia que as coisas ficariam mais fáceis, a subida continuou até atingirmos a cota de 1819 m, a maior do Caminho da Fé.
Após essa marcação, a estrada inclinou para baixo e descemos bem ligeiros até a Pousada Barão de Montês, que fica às margens da Rodovia. Almoço caprichado e delicioso. Às 15h 50 partimos para Campos do Jordão SP, com intuito de chegar antes de o Sol se pôr. Não foi possível. Mais subidas após entrar no Perímetro Urbano de Campos do Jordão, o Sol se pôs e chegamos ao Refúgio do Peregrino às 18h 11.
Dia puxado, embora eu não me sinta cansado. Amanhã, Aparecida SP. Somente descidas pela Rodovia SP 123, que nos levará ao Vale do Paraíba. Pela terceira vez completo o Caminho da Fé. Essa foi a melhor peregrinação. Obrigado pelos amigos que fiz ao longo do Caminho, obrigado pelos amigos que acompanharam. Aparecida SP a 75 quilômetros. Parece que foi ontem que saí de São Carlos SP.
Diário de Bordo. 11° Dia.
Trecho: Campos do Jordão SP a Aparecida SP.
75 quilômetros.
100% asfalto.
Hoje foi o último dia do Caminho da Fé. Dia de acordar tarde e curtir a cama um pouco mais. Depois do café, passei numa bicicletaria para uns ajustes de praxe e tomei o rumo do Portal de Campos do Jordão. Naquele ponto, a altitude é de 1600 m. Pela Rodovia SP 123, comecei a descida até o Vale do Paraíba.
Foram 23 quilômetros de declive acentuado, percorridos em 30 minutos, deitando nas curvas e me endireitando nas retas. Foi o último trecho pedalado na Mantiqueira, pela sua vertente leste, que termina ao ingressar no Vale do Paraíba. A altitude caiu de 1600 para 600 m. Foi possível sentir que a temperatura estava bem mais alta em relação aos 15°C em Campos do Jordão. Passei a pedalar por uma reta ladeada pela Mantiqueira a oeste e s Serra do Mar a leste.
O almoço foi em Pindamonhangaba SP, na casa da tia do Richard. Comida maravilhosa. Às 17h 20, o Santuário se mostrou belo e imponente a nossa frente. Foi uma chegada triunfal. Depois de 11 dias pedalando entre subidas insanas, descidas alucinantes e uma paisagem de fazer reverência, a entrada no Santuário, empurrando as bikes, foi emocionante. Recebemos o certificado de conclusão do Caminho e agradeci por tudo. Pela proteção e inspiração, pelo equilíbrio e pelas pessoas que conheci ao longo do percurso e por todos que, mesmo a distância, desejaram, cada um a sua maneira, força e proteção.
Amanhã, e pelos próximos quatro dias, pedalarei rumo a São Carlos, onde deixei meu carro. Serão 390 quilômetros. Isso significa que teremos mais quatro dias com Diários de Bordo. Obrigado a todos que acompanharam.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
Foto: Fernando Mendes.
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